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Abdul Muttalib e Zamzam



 

Abdul Muttalib, cujo nome verdadeiro é Sheibá, é um dos quatro filhos de Hashim. Como é sabido, Hashim é o bisavô do profeta, e foi uma das autoridades mais importantes do Hijaz. Foi ele quem iniciou com a tradição de oferecer banquetes aos peregrinos, e sendo um comerciante também deu início ao comércio no verão e no inverno enviando caravanas dos coraixitas.


Numa das viagens, a caminho de Damasco para comércio, Hashim casou-se com uma mulher chamada Selma, da tribo dos filhos de Najjar em Medina, e lá decidiu residir. No entanto, os anos em Medina não duraram muito e Hashim morreu numa das guerras, deixando sua mulher grávida. Selma deu à luz Abdul Muttalib e o chamou de “Shaibá” por causa da brancura dos seus cabelos. E assim ele ficou com sua mãe e sob a educação de seus tios maternos.


Por ele nascer após a morte do seu pai, seus parentes da cidade de Meca não sabiam da existência de Shaibá. Um dia, Muttalib descobriu que tinha um sobrinho em Medina, isso quando Shaibá tinha cerca de sete ou oito anos.


Muttalib, foi a Medina imediatamente, e encontrou seu sobrinho, quando o viu abraçou-o afetuosamente e conversou por muito tempo. Ele queria levá-lo a Meca, embora encontrasse a objeção do pequeno Shaibá e da Selma, ele partiria, convencendo-os e indo a Meca junto com sobrinho.


Como os habitantes de Meca não tinham conhecimento da existência do sobrinho, vendo uma criança na garupa do Muttalib, começaram a chamá-la de' Abdul Muttalib', que significa escravo de Muttalib, pensando que realmente se tratava de um escravo, e assim este nome passaria a ser mais conhecido do que Shaibá.


Com a morte de Muttalib, Abdul Muttalib tomou posse como governador de Meca, uma tarefa difícil de grande responsabilidade.  Ele havia entrado num caminho onde o destino havia preparado, e obviamente, havia sido encarregado da missão de preparar o ambiente para o aparecimento do último profeta. Agora ele tinha se tornado um líder poderoso, a quem os habitantes de Meca admiravam, um árbitro em assuntos mundanos, com quem apelavam para a solução dos pontos disputados.

 

Zamzam


De um sonho que Abdul Muttalib teve enquanto dormia à sombra da Caaba, num lugar chamado Hijr, foi um começo. E uma pessoa chama-o:

- Acorde! Desenterre Tayyibá. Abdul Muttalib imediatamente perguntou:

- O que é Tayyibá?

Porém ele não conseguiu obter nenhuma resposta. No dia seguinte, ele estava dormindo novamente, quando sonhou com a mesma pessoa. Desta vez dizendo:

- Desenterre Madmuné,

- O que é Madmuné, ele questionou veementemente. No entanto, a sua pergunta voltou a ficar sem resposta.

No terceiro dia, novamente em seu sonho, a mesma pessoa disse:

- Escava e desenterre Zamzam.

 - O que é Zamzam? Ele imediatamente pediu pela resposta que não obteve nos sonhos anteriores, mas desta vez, ela veio:

- Zamzam é um poço de água que nunca secará e não se pode alcançar seu fundo. Com ele, serão atendidas as necessidades de água das caravanas de peregrinos. O poço está entre o lugar onde o sangue dos sacrifícios é derramado na Caaba e onde as vísceras são jogadas. Um corvo virá e apontará a localização para ti, com o bico. Há também um formigueiro lá agora!

Tudo isso o fez pensar profundamente. Porque sabia da existência de Zamzam, porque os Djurhumitas, quando fugiam da invasão inimiga, tinham guardado todos os objetos valiosos nele, e cobriram, escondendo-os antes de ir embora. No entanto, não havia mais ninguém que soubesse desta localização e, portanto, permaneceu apenas como uma lenda entre as pessoas. Mas agora, o local está sendo descrito com toda a clareza possível, e Abdul Muttalib está sendo ordenado a reabrir a fonte que nunca faltará e cujo fundo também é inalcançável.


Não se podia deixar de atender a ordem perante uma descrição tão clara, e por isso Abdul Muttalib foi ao local indicado. Exatamente como no sonho, tinha um corvo que pousava e levantava apontando o lugar com o bico. Quando ele chegou mais perto, ele também viu o formigueiro. Agora, ele não hesitou em nada. No dia seguinte, voltou junto com seu filho Haris, e começaram a cavar.


Em pouco tempo, uma pedra grande e redonda que cobria a boca do poço apareceu. Quando a levantaram, viram que o poço estava cheio de joias de todos os tipos e materiais preciosos, como descrito nas lendas. Abdul Muttalib e seu filho Haris, tiraram esses achados um a um, enquanto isso a umidade debaixo do poço estava começando a se fazer sentir. Não tardaria muito para a água aparecer também.


Eles estavam recebendo uma recompensa que ninguém nunca recebeu. É claro que tal bênção exigiria agradecer a quem realmente concedeu, E aqui Abdul Muttalib bradava:

- Allahu Akbar! Allahu Akbar¹, que significa Deus, é o maior.


Essa excitação atraiu a atenção dos coraixitas, e logo eles formaram um grande círculo em torno de Abdul Muttalib.

- Esta é a herança de nosso antepassado Ismail; temos direito a ela e você deveria dividir conosco, disseram eles. Abdul Muttalib refutou sem hesitação:

- Não! Não posso fazer isso. Este é um privilégio que só foi concedido a mim. No entanto, eles insistiram dizendo:


- Tenha juizo! Ameaçavam-no a ponto de combater contra ele se fosse necessário. Até Adiy Ibn Nawfal se apresentou entre eles e condenou Abdul Muttalib:


- Como assim! Tu és um homem solitário. E não tem ninguém consigo, a não ser o seu único filho. Como pôde desobedecer-nos e não atender nosso pedido? 

Estas palavras afetaram profundamente Abdul Muttalib. Adiy média força apenas por ter maior número de pessoas com ele, por isso precisava de uma resposta adequada. Abdul Muttalib abriu as mãos e levantou o rosto para o céu e orou:


- Juro que se Deus me der dez filhos, sacrificarei um deles ao lado da Caaba!

Esta foi uma oração sincera, uma verdadeira promessa feita para Deus, à sombra da casa Dele.

No entanto, a animosidade continuava e Abdul Muttalib deu uma contraproposta:

- Vamos nomear alguém que vocês escolham como árbitro para nos julgar!

Não foi uma má ideia. Além disso, eles poderiam oferecer quem quisessem. Sem qualquer hesitação:

- O oráculo dos filhos de Sá, disseram. Esta pessoa foi alguém cuja palavra foi ouvida pelas elites de Damasco. De qualquer forma, para Abdul Muttalib não importava quem seja:


- Sim, ele aceitou.

Abdul Muttalib, seus parentes próximos, e aqueles que lhe exigiam direitos, sendo um representante de cada tribo, partiram em direção a Damasco. A viagem era longa e as condições eram difíceis. Principalmente no caminho, as condições do deserto prevaleceram.


Quando Abdul Muttalib e seus acompanhantes chegaram a algum ponto entre Hijaz e Damasco, ficaram sem água. Ficar sem água em condições desérticas é o maior desastre. Eles se esforçaram mais um pouco e tentaram continuar por um tempo, mas o deserto não tinha fim. Desesperados, pediram ajuda aos habitantes de Meca com quem andavam, mas estes não tinham intenção de dar água, e falaram:


-Estamos no deserto e temos medo de ficar sem água como aconteceu com vocês.

 Dava de entender que nenhum benefício viria deles. Abdul Muttalib, se voltou para seus parentes e perguntou o que eles achavam.:


 -'Você é quem manda, vamos fazer o que disser' responderam

. Em tal situação, e` parar a espera da morte ou se espalhar a procura água, e nesse esforço de procurá-la, Abdul Muttalib aproximou-se de seu Camelo e notou uma fonte de água doce jorrando por debaixo do animal. Ele entrou em estado de êxtase da mesma forma que quando viu Zamzam. 


- Allahu Akbar! Allah Akbar! Ele bradava novamente.

 Todos que viram ficaram surpresos e sem perder tempo represaram a água.  Num deserto furioso onde os animais e as pessoas chegavam à exaustão e a morrer de sede, o surgimento de tal água, era realmente uma bênção tão clara que exigia fazer o takbir, agradecendo ao Deus único.

 

Abdul Muttalib expandiu com sua espada o local onde a água saiu e saciou a sede de seus amigos e animais. Após isso, ele convidou os habitantes de Meca que os acompanhavam e lhes ofereceu água. 


-Venham e bebam da água que Deus tem sido gracioso para conosco, e deem água aos seus animais. Todos se olhavam perplexos, eles não podiam acreditar no que viam, pois aconteceu algo que era improvável. 


Depois trouxeram seus animais e aliviaram suas necessidades, ficaram envergonhados diante de tamanha generosidade; Abdul Muttalib, que pediu água a eles, mas não recebeu, compartilhou da dádiva com eles. Diante disso, suas consciências pesaram. Logo depois, eles se voltaram para Abdul Muttalib e começaram a dizer:


- Por Deus, Ó Abdul Muttalib, o veredito foi proferido contra nós. E por Allah, nunca teremos inimizade com você, e sobre Zamzam, não exigimos direitos. Em verdade, foi Deus quem vos concedeu Zamzam e também concedeu esta água nestas condições desérticas.

O assunto estava tão resolvido que não havia mais necessidade de ir ao árbitro. Depois de descansarem um pouco, eles partiram em viagem de volta a Meca.

 

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