Quss Ibn Saide
Observamos Quss Ibn Saide quando ele se dirigia às pessoas em seu camelo vermelho na Feira de Ukaz.
Este velho, que já tinha passado dos seus cem anos, era o chefe da tribo Iyad, informava as pessoas sobre o Profeta que virá e preparava-as com expressões que afetariam as suas almas para a nova fé. Uma vez na Feira de Ukaz, ele tinha discursado para as pessoas da seguinte forma:
- Ó Meu Povo!
Venham e me escutem!
Todos que partiram não voltarão ... e todo futuro escrito certamente acontecerá.
Noites são escuras
Céu cheio de estrelas
Mares são ondulados
Estrelas são glamorosas…
Montanhas são altas e inalcançáveis…
Rios fluem sem parar
Não há dúvida de que há novidades no céu…
Sem dúvida, também existem acontecimentos na terra para tirarmos lições....
Dou uma olhada para as pessoas e vejo que as que estão indo embora constantemente, nunca voltam; será que estão satisfeitas em ficar onde estão e por isso que ficam lá? Ou eles vão embora e só dormem lá?
Juro por Deus que não há dúvida... há uma religião que é mais amada do que a religião de vocês perante Allah…
Cadê os pais, avós, antepassados? Onde estão os ascendentes e descendentes? E os povos de Ad e Thamud, que ergueram palácios enfeitados e edifícios de mármore? E cadê aquele Faraó e Nemrut8, que se vangloriavam dizendo " Não sou o maior Deus de vocês?"
Eram muito superiores a vós em riqueza e poder, E o que aconteceu com eles? A terra moeu eles no seu moinho, pulverizou-os, espalhou-os, até os seus ossos se derreteram. Os telhados das suas casas foram arrancados e varridos, agora os cães ocupam os seus edifícios abandonados, não caiam na negligência como eles, não sigam o caminho deles!
Tudo é mortal; Allah que é eterno. É um Deus absoluto, único para ser adorado, Glória a Deus, que não gerou e nunca foi gerado
Sim, sim…
Há muitas coisas que são lições para nós entre os acontecimentos.
A morte se parece com um rio..., desse há muitos lugares para encher, não há lugar para escoar…
Sendo grandes ou pequenos estamos sempre emigrando.
O que acontece com todos até hoje, também acontecerá a vocês e a mim.
E realmente a morte o alcançou antes que ele pudesse ver o Profeta que tanto esperava. No entanto, foi uma grande coincidência que, entre aqueles que ouviram seu sermão na Feira de Ukaz, havia também o Último Profeta. E anos mais tarde, quando aqueles que conheciam Ibn Saide foram visitar o Mensageiro de Allah, falaram dele e lembraram suas memórias. 1
Este velho sábio, vivia isoladamente numa montanha, sempre abordava temas semelhantes em seus poemas e em qualquer oportunidade continuava a dizer que um profeta dos Hachimitas viria ao santuário em Meca
Também disse em um outro poema:
- Louvado seja Deus, que não cria suas criações sem motivos.
Que não nos deixou à deriva e concedeu a sua Graça.
Depois de Jesus,
Ele enviará Ahmad entre nós, que é o melhor entre os profetas enviados.
Que a paz de Allah esteja com Ele, que sempre seja saudado enquanto todos os seres vivos respiram e se movem
Zayd Ibn Amr
Zayd Ibn Amr era o pai de Said ibn Zayd, o famoso companheiro dos "Ashare-i Mubashara" (Os Dez Companheiros Declarados Que Estarão no Paraiso), o irmão mais velho de Zaynab Binti Jahsh e o tio de Umar ibn Khattab. Ele era um dos Hanifs que tinha a mesma crença do Profeta Abraão. Por esta razão, ele se afastava dos ídolos e proclamava em todas as oportunidades que eles não eram capazes de fazer nenhum bem ou danos. Ele só comia o que foi abatido em nome de Allah, e não tocava nas comidas preparadas para os ídolos.
Um dia, quando ele estava sentado de costas para a Caaba, falou para pessoas reunidas ao seu redor da seguinte forma:
- Ó comunidade Quraix! Por Aquele que a alma do Zayd está nas cujas mãos, aqui, não há ninguém de vocês que siga a religião de Abraão, exceto eu. Depois ele levantou as mãos para o céu e disse:
- Meu Deus! Se soubesse qual é a melhor face à sua vista, certamente me prostraria perante ela, mas eu não sei disso. Expressando seu desespero, depois se prostrou nas costas do animal que montava, louvando ao Senhor, que conhecia.3
A fim de livrar-se das intensas pressões deste ambiente cercado por idólatras e encontrar seguidores da mesma fé. Um dia Zayd juntamente com Waraka Ibn Nawfel -um monoteísta como ele, Usman Ibn Al-Huwayris e Abdullah Ibn Jahsh se puseram a caminho e foram até um padre em Mawsil. O padre abordou Zayd e perguntou:
- Ó dono desse camelo! De onde vem?
- Do lugar do edifício o qual Abraão construiu, respondeu Zayd.
- O que procuras? Qual seu objetivo?
- Procuro uma religião sólida onde possa viver a minha fé.
O padre estava surpreso pois estas pessoas vinham da cidade onde surgirá a nova religião, mas elas mesmas estavam à procura de outra religião em outra cidade. De fato, essa era uma situação surpreendente, mesmo que estivessem no mar, às vezes poderia haver aqueles que não conheciam o que é o mar.
- Volta para sua cidade, disse o padre para Zayd
Porque, o que você está esperando, está prestes a aparecer de onde você veio4.
O fato de ele declarar abertamente e expressar que os ídolos fabricados por mãos humanas não podiam ser deuses, perturbava muitas pessoas e fez com que ele fosse perseguido na cidade de Meca. Por esta razão, seu irmão Khattab, que é pai do Umar, pressionava-o fortemente para que ele renegasse a sua fé.
Como poderia alguém da família Khattab surgir e desafiar a Autoridade de Meca escolhendo outro caminho para si mesmo? Isso era inadmissível, a imperfeição na adoração de ídolos e não comer do que abatem em nome dos ídolos deveria ter uma punição.
Por isso ele levava Zayd para as colinas ao redor da Meca e o submetia à tortura para que ele desistisse. Quando Khattab se cansava, mandava os jovens continuarem com a tortura, assegurando que a pressão continuasse, até o momento em que irmão dele Zeid voltasse a ser ‘normal’. Encorajava todos os vagabundos e errantes da cidade, para que impedissem o seu próprio irmão de voltar a Meca.
Assim Zayd só conseguia ir a Meca secretamente. Toda vez que notavam a presença dele, ficavam preocupados com disseminação e possíveis novos adeptos, imediatamente afastavam ele de Meca. Porque ele se prostrava em todas as oportunidades e gritava da seguinte forma:
– Meu Deus é o Deus de Abraão, e minha religião é a religião de Abraão.5
Zayd estava muito cansado das negatividades da "época da ignorância" e por isso entrou em novas buscas. A princípio, ele queria conhecer os judeus e adotar suas crenças, mas viu que as crenças deles não o satisfaziam, também, foi atrás do cristianismo, mas logo concluiu que não era o que procurava.
Um dia, Zeyd deixou a cidade natal e dirigiu-se para a região de Damasco, na esperança de encontrar um Hanif que vivia da religião de Abraão (paz esteja com ele). Andou por Mawsil e Jaziratu'l-Arab entre o povo do livro, buscando encontrar o que procurava. No entanto, não encontrou ninguém que pudesse acalmar seu coração. Finalmente, encaminharam-no a um padre que entendeu o propósito de Zeyd e o aconselhou assim:
- Estás comentando de uma religião que não há como encontrar seguidores hoje. Tu procuras a religião Hanif de Abraão. Abraão não era judeu nem cristão; ele adorava a Deus único, e ele orava e prostrava-se, virando-se para a ‘casa’ na cidade de onde vieste. Todos aqueles que praticavam essa religião e tinham conhecimento dela já faleceram. No entanto, há um profeta esperado, que a sua vinda está próxima. Volte até sua cidade e espere por lá, porque o ser mais excelente perante Allah será enviado dentre o seu povo para a religião de Abraão.
Diante de todas as informações que obteve, sem perder tempo Zayd pôs-se a caminho de Meca.
A busca incansável do Zayd desagradou tanto judeus quanto cristãos de Damasco, a tal ponto que o interceptaram e o mataram brutalmente e assim Zayd faleceu tendo plena fé no último profeta sem poder vivenciar o momento feliz que tanto esperava.
Zayd estava totalmente desperto para a verdade; acreditava em Allah (subhanehu wa teala), que é Único.
Era submisso a Ele, sentia grande tristeza no coração por não saber como chamar e como adorar o Deus Único em que acredita.
Ele repetia as seguintes palavras:
- Conheço uma religião que a sua vinda está muito próxima; a sua sombra está sobre vos. Mas não sei se conseguirei alcançar a esses dias?
Amir Ibn Rabi, um dos companheiros do Profeta, um dia narrou as palavras que tinha ouvido de Zayd Ibn Amr:
- Estou à espera de um profeta que será descendente de Ismael e consequentemente do Abdul Muttalib. Acho que não conseguirei vê-lo, mas acredito nele, afirmo e aceito que ele é o Profeta da verdade. Se você viver até o dia em que ele vier, mande minhas saudações para ele!
E continua dizendo: Deixe-me falar sobre o seu retrato, assim você não o confundira.
- Diga-me, e ele continuou:
- Ele será de altura média. Não é nem demasiado alto nem demasiado baixo. Seus cabelos não são completamente lisos, nem encaracolados. Chama-se Ahmed. Sua terra natal é Meca. Este é o lugar onde ele será enviado como profeta. O que ele trouxer não será do agrado do seu povo e mais tarde será expulso de Meca. Ele migrará para Yaçrib (Medina) e a religião que ele trará se espalhará de lá.
Não seja negligente: siga ele! Pois eu viajei de cidade em cidade procurando a religião de Abraão. Todos os estudiosos judeus e cristãos com quem conversei unanimemente disseram:
- O que você está procurando virá mais tarde, ele será o último profeta e não haverá mais profetas depois dele.6
Mais um dos que aguardavam a luz em Hijaz era Waraka Ibn Nawfel, tio da Khadija, a esposa do nosso Profeta. Durante o período da ignorância, ele foi uma das raras pessoas que estavam determinadas a buscar a verdade em Meca. Segundo ele, ídolos esculpidos em pedras e madeiras, não podiam ser deuses. Ele não hesitava em dizer isso em todas as oportunidades.
Os coraixitas tinham um dia no ano em que celebravam como feriado. Neste dia, eles se reuniam oferecendo sacrifício aos ídolos para demonstrar sua lealdade. Dessa forma, pensavam ter cumprido seus deveres para com seus deuses, assim se sentiam felizes. De certa forma, isso era como uma fórmula de fuga das responsabilidades religiosas.
Num desses dias, eles se reuniram e ficaram na frente de um ídolo. Todos estavam lá reunidos, mas apenas quatro pessoas não estavam presentes. Os coraixitas estavam murmurando sobre isso. Aqueles que não estavam entre eles naquele dia foram Waraka Ibn Nawfel, Zayd Ibn Amr, Usman Ibn Al-Huwayris e Ubaidullah Ibn Jahsh.
No entendimento dessas quatro pessoas, tudo isso não tinha sentido.
- Como assim? diziam. Olhem para o esse povo! Como podem fazer uma coisa dessas! Abandonaram a religião de Abraão, andam à volta de um ídolo que não serve de nada, que não ouve nem vê, sem benefício nem dano!
Essas quatro pessoas desistiram dos habitantes de Meca, já tinha dado para entender que o povo dessa cidade não se comportaria mais, foram para outras regiões em busca de vestígios da religião Hanif, pertencente a Abraão.
Foi durante esta viagem que Waraka Ibn Nawfel se dirigiu para Damasco. La aceitou o cristianismo e se empenhou em estudá-lo. Waraka aprendia sua nova religião com pessoas capacitadas e, assim, se preparava para o futuro. Cada novo conhecimento dava mais entusiasmo de aprender mais, e ele só lamentava dos dias perdidos
Ele aprendeu muito. Agora conhecia melhor a Torá e a Bíblia, até podia ler e escrever a língua hebraica facilmente.
Havia um assunto dentre os que ele estudava que atraia mais a sua atenção, ele não conseguia tirar da cabeça, sonhava com o futuro, no dia em que “Aquele” virá. Sabia que em pouco tempo o" Senhor do mundo " viria e a humanidade se manteria divinamente pura novamente.
No entanto, o tempo passava sem parar e aproximava Waraka do seu túmulo. Seus olhos estavam abertos, mas ele mal conseguia enxergar o mundo como nos velhos tempos. Embora ele transmitisse ao seu redor o seu conhecimento sobre o último profeta em todas as chances que encontrasse, estava preocupado de partir antes que os seus olhos pudessem vê-lo.
Mas não havia escolha senão esperar. Pelo menos ele pode passar esse tempo informando as pessoas, e é isso que ele estava fazendo. Khadija, filha de Huveylid, também esteve entre os que ouviram suas palavras e isso foi uma grande abertura para ela durante a missão profética.
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